Uma noite aqui, outra ali, uma saidinha pra um bar... troca de olhares, sorrisos cheios e copos também, é o começo de um fim de semana, cheio de novidades e coisas já tão antigas. É incrível perceber como as coisas veem se tornando efêmeras (...)
Dormimos já querendo acordar, acordamos já querendo dormir. Rezamos para a sexta chegar, e quando ela chega reclamamos que não foi como esperávamos e que ela já pode ir embora.
Esse mundo tão moderno e tecnológico, que nos trouxe tantos benefícios, nos poupando tempo de espera, facilitando nossa comunicação, acabou nos tornando menos comunicáveis, pacientes e tolerantes, a ponto de não tolerarmos nem a presença de alguém por muito tempo.
(...) como bem coloca Crioulo "os bares estão cheios, de almas tão vazias", uma ideia que nos coloca num lugar de não esperarmos reciprocidade de ninguém, ainda que vazios, o que podemos esperar de almas que também estão vazias? Como preencher um vazio provocado pela ausência de coisas que nem sabemos quais são? Almas vazias de que?
Talvez esses amores considerados efêmeros, passageiros, tenham mais a nos ensinar do que um amor antigo. Talvez não estejam tão vazios. Talvez não sejam tão efêmeros assim, ora, ainda que temporários, isso não os impedem de exercerem uma marca em nós. Talvez seja isso que buscamos e damos tanto valor: a bagagem de experiências, conversas, sensações, frustrações, alegrias e emoções que essas pessoas nos trazem. Em meio a drinks, cervejas, e um refrão de bolero ao fundo, encontramos amores, dores e flores, naquela mesa daquele barzinho de interior que mais virou sua residência aos sábados.
Ainda que efêmero, não deixa de ser amor, não deixa de ser importante. Se permitam sentir a efemeridade nem tão efêmera desses encontros casuais, onde a gente não encontra explicação, meu caro Humberto Gessinger, ainda que procuremos.